“A informação e a evidência cientifica que dispomos neste momento nos obrigará a ter uma atitude diferente em termos de seleção terapêutica relativamente a este aspeto: os subtipos biológicos de bom prognostico que ocorrem em idades jovens.” Quem o afirma é o Joaquim Abreu de Sousa, do IPO do Porto, no papel de moderador na sessão “Evolução do cancro da mama em idades extremas”. As mulheres em idades extremas representam “uma percentagem significativa” das doentes com cancro da mama, sendo que 7 % correspondem a doentes com menos de 40 anos. Para maiores de 70 anos, não existe sequer um rastreio para se conhecer o número exato, no entanto, sabe-se que “tem uma incidência alta de cancro da mama”. Assista à entrevista.

O Vítor Rodrigues destacou a epidemiologia, considerada “uma questão importante” pelo moderador, ajudando a “selecionar de forma mais criteriosa as doentes no seu rastreio”. Atualmente, em Portugal, existem 70 novos casos por 100 mil habitante e mais de 7 mil novos casos de cancro da mama.

Já o Fernando Schmitt destacou se a idade é um fator de risco de mau prognóstico. Esta discussão já tem várias décadas e ainda “muita controvérsia”. Para isso, o conhecimento dos subtipos moleculares de cancro da mama e da sua distribuição nas diferentes faixas etárias permite “perceber melhor que a idade poderá não ser um fator de prognóstico adverso, mas quando associada a determinados subtipos moleculares pode estar na origem de um pior prognóstico”.

Em suma, determinou-se que existe mais casos de tumor de mau prognóstico nas idades mais jovens, enquanto, nas idades a partir dos 70 anos, apresentam subtipos biológicos de melhor prognóstico. Neste sentido, fica a questão em cima da mesa: a evidência científica poderá ajudar a ter “uma atitude diferente” em termos de seleção terapêutica? Por enquanto, esta questão mantém-se em aberto, o que é “entusiasmante”, à espera de novas questões e conhecimento.